por psicóloga Priscila da Silva da Rosa – CRP 07/23894
Surto de clamídia e uma histeria coletiva logo no primeiro episódio. Se você já assistiu a segunda temporada de Sex Education, sabe bem do que estou falando. Sempre foi fundamental que pais e educadores conversassem com jovens sobre sexualidade, sexo, mas talvez, com o advento das redes sociais e o festival de fake news, falar de educação sexual se tornou urgente!
É importante pensarmos que educação sexual não é apenas aquilo a que associamos. Mas ao que ela está associada? De maneira geral, está associada a ideia daquela clássica aula sobre as DST's. Porém, você concorda que existe muito mais do que DST's envolvidas no tema de sexualidade?
Se você já assistiu a série completa, provavelmente percebeu que existem inúmeras outras questões que perpassam a sexualidade, principalmente na adolescência. Período de descobertas, em que se encontram expostos há muitos materiais explícitos falando sobre sexo. E, embora estejamos expostos a esses conteúdos em qualquer fase do desenvolvimento, é aqui que damos sinais de como será nossa relação com o sexo.
Como estamos na era do "touch", de um mundo virtual, é urgente a necessidade de pensarmos na educação de maneira diferente da que apresentamos hoje, afim de não banalizarmos a sexualidade, criando um ciclo vicioso através da pornografia (uma vez que, quanto mais as pessoas consomem, mais querem consumir) e, também para não tornar precoce a erotização,
Enquanto os adolescentes estiverem expostos a materiais pornográficos com cenas de violência, muito provavelmente terão hábitos sexuais agressivos. E, enquanto apresentarmos apenas as doenças a eles, menores são as chances reais de nos conversarmos sobre a sexualidade.
É importante destacar aqui que, a comunicação sobre a sexualidade pode ser apresentada em diferentes etapas da vida, desde que seja feita em linguagem adequada para a idade. E, nesse ponto, trago mais uma parte da série pra discutir.
Em meio a histeria coletiva, muitos adultos desinformados sobre o que era clamídia ou como era transmitida, apontavam seus dedos ao dizer “estão matando nossos filhos". Isso mostra o quanto é legítima a necessidade de repensarmos o que acreditamos ser educação sexual e reformular currículos, para que os filmes pornôs não tornem a vida sexual de homens e mulheres cruéis.
Por que digo isso?
Porque, de maneira geral, homens se sentem pressionados a apresentar uma performance irreal, podendo sim sentir medo de não estar à altura dessa realização do prazer de quem lhes é companhia. Enquanto as mulheres, sentem-se pressionadas a satisfazer o outro a qualquer custo, podendo apresentar um sentimento de inferioridade por não apresentar o corpo idealizado das atrizes.
Há quem discorde da ideia por questões religiosas. Respeito as religiões de maneira ímpar, mas existe muito mais por trás de nossas crenças. Há quem discorde por acreditar que estudar a temática irá alienar seus filhos, mas o que é mais alienante que a desinformação? É alienação dar as pessoas a possibilidade de refletir sobre seu corpo, suas descobertas, dar-lhes a possibilidade de aprender de fato e fora do contexto da pornografia? Desejo que você possa assistir Sex Education e perceber a infinidade de possibilidades de reflexão que a série pode trazer. E, se você já tem filhos, assista com eles. Dê abertura pra iniciar conversas sobre sexualidade. Será bom para ambos!
Priscila da Silva da Rosa é psicóloga (CRP 07/23894) ajuda casais e famílias a comunicar suas formas de amor. Saiba mais sobre seu trabalho em https://www.instagram.com/psicologaprisciladarosa/
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