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Já conseguiu se separar emocionalmente de seus pais? - Sobre Jackson, Grey's Anatomy

por Cris Santana – Psicóloga CRP 06/105076

Quando comecei a assistir a série odiei Shonda Rhimes com toda a força do meu coração, atualmente o amor e o respeito me definem. Para uma série ter 16 temporadas em 2019, precisa envolver a população ansiosa. Não vou gastar tempo resumindo ela para vocês, tantos colegas já fizeram com excelência, entretanto preciso ressaltar que a vida humana e suas complexidades é o objeto de estudos da Religião, Antropologia, Psicologia, História e outros tantos, já captou a profundidade deste roteiro. Jackson é um jovem e simpático médico de um hospital de Seattle, inicialmente tímido apesar de seus marcantes e encantadores olhos e seu cativante sorriso, com um jeitinho infantil ele vai literalmente seduzindo o público. Filho de uma temida e brilhante médica, a curiosidade ronda o personagem através de várias temporadas.


Será que ele é tão brilhante quanto a mãe?


Será que ele tem alguma proximidade com o misterioso pai?


O enigmático e carismático personagem não carrega característica alguma de seus genitores?


Sim, suspense e drama vão fazendo o rapaz se tornar o queridinho de todos. O auge da paixão pode estar no episódio que ele rouba a noiva de outro no altar ou quando seu primeiro filho morre de uma doença rara, podemos ter dúvidas ainda se suas diversas dores contribuem com a sua personalidade ou atrapalham seu caminho profissional. Em uma viagem para Montana sua capacidade técnica é espantosamente questionada e o clima tenso permanece até o final do episódio, lembranças que ele tentou deixar esquecidas no mundo das sombras, mas que uma centelha de luz muda sua vida... até aqui as insinuações sobre o pai do rapaz eram vagas, foi difícil materializar a “criança ferida” que ele parece ser; não quero me ater aos significados técnicos da expressão, todavia será que as dores e traumas vivenciados na infância podem influenciar ou invadir a vida adulta? Para respondê-la precisei mergulhar nas minhas dores e na minha intuição. Entre a dor ou melhor muita dor, bebedeira, profissionalismo e dúvidas, ele decide diante de um desconhecido abrir seu coração e lamentavelmente suas expectativas são destruídas e ele se fere novamente. Essa nova bagunça emocional prejudica temporariamente a vida profissional, a mãe, mulher experiente e de sensibilidade ímpar, na esperança de proteger seu “bebê”, um marmanjo de quase três décadas, tinha suas suspeitas de quanto o filho ia precisar de reforços para sustentar sua dor. Obviamente, ela acertou e o obrigou a embarcar com uma das personagens mais marcantes de sua vida e com maestria o ajuda.


Quantas vezes acompanhamos pessoas que estão à beira dos oitenta anos sem conseguir compreender as dores da vida?


E os revoltados e ansiosos que batem a cabeça sem perceber que havia uma parede em sua frente?


Na psicologia positiva há um trabalho incrível que permite que um indivíduo reconheça suas forças pessoais, já na psicanálise e até na bíblia a esperança está em torno do poder curativo do amor. Será que é ele, o amor, a solução de todos os problemas da humanidade? Se você deseja aprender ou evoluir ou minimamente se livrar do sofrimento, é preciso muita coragem para se conhecer.


Os pais dão para seus filhos aquilo que eles têm, ou aquilo que eles podem, assim podemos dizer que se eles te feriram certamente não sabiam o que estavam fazendo. Entretanto, se você como personagem já passou da adolescência está na hora de aprender a se cuidar. Não há milagre para superar uma dor, somente quando você consegue se amar, aprende a se respeitar, quando pode aceitar suas limitações humanas, e ainda se tiver paciência consigo poderá ser um adulto, poderá curar a sua criança ferida.


Não é nada fácil, na verdade é um assunto bem ácido, me desculpe por ser portadora dessa notícia desagradável. No entanto, o autoconhecimento aliado ao amor e a aceitação, são balsamos para os mais profundos traumas emocionais ou incômodos e mágoas. Ah, e se você é uma pessoa que acredita não ter dor alguma, cuidado, pode ser um extraterrestre ou estar morta.


Quando conseguir se cuidar de verdade, aí então terá sabedoria necessária para desfrutar das infinitas possibilidades da vida. Você não é o que fizeram com você, mas sim o que você decide fazer com tudo isso!


Gratidão por vir até aqui nesse pequeno texto, espero que ele tenha te ajudado a refletir e na próxima edição terá muito mais. Abraços!


Ficou curioso né? Tenho certeza, então assista o episódio dezesseis da décima terceira temporada.


Cris Santana – Psicóloga CRP 06/105076 Uma mulher apaixonada pela vida e intrigada com a curiosidade em compreender os lados sombrios da mente.

Ouvir histórias é o seu maior prazer, vai além da empatia.

Admira a humanidade, o desenvolvimento humano e a resiliência que algumas pessoas demonstram ter diante da dor.

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