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Anne with na "e"

por Shirley Cardoso, Psicóloga CRP 06/30147


A série “Anne with an ‘e’” (Anne com “e” em português) trata-se de uma adaptação da escritora e produtora vencedora do Emmy, Moira Walley-Beckett. Baseada no famoso livro Anne de Green Gables, escrito por L. M. Montgomery em 1908, traz a historia da adoção de uma criança, onde o pedido era de um menino para auxiliar os irmãos Marílla (Geraldine James) e Mathew Cuthbert (R. H. Thomson).


Essa adoção trocada acendeu a esperança da pequena Anne, que ficara órfã aos três meses, tendo passado sua infância de casa em casa até parar num orfanato de onde foi encaminhada por engano ao casal de irmãos. Uma história de abandono, carência afetiva e sensação de não pertencimento vivenciada pela protagonista, trouxe a Anne muito sofrimento emocional, que só não a comprometeu psicologicamente ainda mais em função de sua inteligência, irreverência e capacidade de fantasiar outra realidade como meio de sobrevivência e manutenção de sanidade mental.


Ela que tinha tudo contra sua pessoa, pois era diferente dos demais fisicamente - suas características ruiva, extremamente magra, alta e desengonçada. Sempre sofrendo “buling” desde o orfanato até seu novo lar em outro país.


Mas falarei de algo muito real em nosso tempo, que diz respeito à adoção. Da dificuldade dela ser aceita pela sociedade como algo natural, especialmente se o adotado for muito diferente da família adotante.


A sociedade de época apresentada na série não é muito diferente da sociedade de hoje, que não aceita laços familiares diferentes dos “politicamente corretos”. Filhos que trazem semelhança física com seus pais, e que tenham o mesmo nível de cultura e educação. Muitas são as críticas se o adotante resolve adotar uma criança acima dos 2 anos, por exemplo.


Talvez isso ocorra porque desconheçam o fato de que a perda pelos pais biológicos do pátrio poder é um processo tão demorado que a crianças ficam nos abrigos esperando longos anos pela adoção e perdem assim a oportunidade de encontrarem um lar. Muitos pais candidatos têm receio de pegarem uma criança maior que já venha com seus costumes e caráter, que segundo estes podem comprometer a relação.

Na série isso fica claro na reação dos irmãos quando se vêem de frente com uma garota com comportamento tão diferente das crianças do seu convívio, filhos de amigos da comunidade onde moram. E, vemos então o desespero de Anne para provar que pode ser uma boa filha. Nesses momentos ela demonstra toda a sua carência em ter uma família, um nome e um lar. E vai da alegria do encontro ao desespero da rejeição sem saber como deve se comportar para ser aceita.


Seus “pais” aos poucos aprendem a querê-la bem, mas levam algum tempo para se darem conta de que a amam e até chegarem a isso passam por muitas provas. Da rejeição das pessoas da comunidade não só com relação a Anne, mas também a eles próprios por terem optado por ficar com aquela “estranha”, tão diferente de seus filhos.


Porém, o que é mais chocante é que se observarmos bem, podemos perceber que ainda hoje olhamos de forma estranha as famílias diferentes, compostas por pessoas de outra etnia, educação ou classe social, diferente da nossa. E lamentavelmente, nos daremos conta de que apesar de todo avanço tecnológico do hoje, ainda somos muito pequenos por nos importarmos com coisas que deveriam tocar nossos corações pela grandeza da diversidade humana, que nos faz tão diferentes que nos torna iguais.



Shirley da Silva Cardoso, Psicóloga Clínica e Hospitalar (CRP 06/30147), Psicopedagoga e Psicossomaticista, atuando na área há 32 anos, Escritora. Terapeuta Comportamental Cognitivista, atende à crianças, adolescentes e adultos. Diretora da Empresa Ascendpsi Consultoria em Relações Humanas. Dona de Casa e Mãe... Acompanhe seu trabalho:

Cel (11) 992004885 / whatsapp

shirleycardosopsicologa@gmail.com

Facebook Shirley Cardoso

Insta @ascenPsi e @shirleycardosopsicologa

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